sábado, 28 de maio de 2011

Música tema do blog ( Shadow of the day )

Porque o mundo...

Tem que ser assim ? Tão cruel , ardoroso , horrivelmente seco e um poço de decepções !!
Isso não é pra mim e se for para viver assim , na tristeza e no sofrimento , prefiro fingir que vivo
Pois sempre você não há motivos para isso

Memórias de um coração em caquinhos

e de tantas coisas que eu fiz , senti , e demonstrei com tudo aquilo só queria te dizer tres palavras , que hoje não significam muito pra você : Eu te amo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lembrança de uma morte

LEMBRANÇAS DE MORRER

“...Eu deixo a vida como deixa o tédio

Do deserto, o poento caminheiro,

- Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,

Onde fogo insensato a consumia:

Só levo uma saudade - é desses tempos

Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras

Que eu sentia velar nas noites minhas.

De ti, ó minha mãe, pobre coitada,

Que por minha tristeza te definhas!

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,

Se um suspiro nos seios treme ainda,

É pela virgem que sonhei. que nunca

Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora

Do pálido poeta deste flores.

Se viveu, foi por ti! e de esperança

De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,

Verei cristalizar-se o sonho amigo.

Ó minha virgem dos errantes sonhos,

Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário

Na floresta dos homens esquecida,

À sombra de uma cruz, e escrevam nela:

Foi poeta - sonhou - e amou na vida...”

Dedicado a alguem muito importante

Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor

O oceano


Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!
Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;
ola
na praia o seu domínio. Na úmida extensão
de ruínas o homem marca a terra, mas se e
v só tu causas naufrágios; não, da destruição feita pelo homem sombra alguma se mantém,
sem túmulo, desconhecido.
o passo

D
exceto se, gota de chuva, ele também se afunda a borbulhar com seu gemido, sem féretro,
do há traços em teus caminhos, nem são presa teus campos. Ergues-te e o sacodes de ti; desprezas os poderes tão mesquinhos
scarninhos
rumo a seus deuses - nos quais
que usa para assolar a terra, já que podes de teu seio atirá-lo aos céus; assim o lanças tremendo uivando em teus borrifos
efirma as esperanças de achar um portou angra próxima, talvez - e o devolves á terra: - jaza aí, de vez. Os armamentos que fulminam as muralhas
de barro a se apontar
como Senhor do Oce
das cidades de pedra - e tremem as nações ante eles, como os reis em suas capitais - , os leviatãs de roble, cujas proporções levam o seu criado
rano e árbitro das batalhas, fundem-se todos nessas ondas tão fatais para a orgulhosa Armada ou para Trafalgar. Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:
praias rudes ou escravas;
reinos secaram-se em d
Grécia, Roma, Catargo, Assíria, onde é que estão? Quando outrora eram livres tu as devastavas, e tiranos copiaram-te, a partir de então; manda o estrangeiro e
mesertos, nesse espaço, mas tu não mudas, salvo no florear da vaga; em tua fronte azul o tempo não põe traço; como és agora, viu-te a aurora da criação. Tu, espelho glorioso, onde no temporal
trono do Invisível;
os monstros do
reflete sua imagem Deus onipotente; calmo ou convulso, quando há brisa ou vendaval, quer a gelar o polo, quer em cima ardente a ondear sombrio, - tu és sublime e sem final, cópia da eternidade
,s abismos nascem do teu lodo; insondável, sozinho avanças, és terrível. Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenis ir levado em teu peito, como tua espuma, era um prazer; desde meus tempos infantis
u confiava
e, como agora, a tua juba eu a
divertir-me com as ondas dava-me alegria; quando, porém, ao refrescar-se o mar, alguma de tuas vagas de causar pavor se erguia, sendo eu teu filho esse pavor me seduzia e era agradável: nessas ondas
elisava.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais uma do Lord Byron


Adeus

Adeus! e para sempre embora,

Que seja para nunca mais:

Sei teu rancor - mas contra ti

Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte

Tu descansavas mansamente

E te tomava um calmo sono

Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento

No coração pudesses ver!

Que estava mal deixá-lo assim

Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,

Sorria ele ante a ação feia:

Esse louvor deve ofender-te,

Pois funda-se na dor alheia.

Desfigurassem-me defeitos:

Mão não havia menos dura

Que a de quem antes me abraçava

Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor

Pode afundar-se devagar;

Porém não pode corações

Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,

E o meu, também, bata sangrando;

E a eterna idéia que me aflige

É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza

Maior que os mortos lastimar;

Hão de as manhãs, pois viveremos,

De um leito viúvo despertar.

E ao achares consolo, quando

A nossa filha balbuciar,

Ensiná-la-ás a dizer "Pai",

Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem

E ela teu lábio -houver beijado,

Pensa em mim, que te bendirei

Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços

Com os de quem podes não mais ver,

Teu coração pulsará suave,

E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,

Minha loucura ninguém sabe;

Minha esperança, aonde tu vás,

Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

Abalou-se o que sinto; o orgulho,

Que o mundo não pôde curvar,

Curvou-se a ti: se a abandonaste,

Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,

Mais vão ainda o que eu disser;

Mas forçam rumo os pensamentos

Que não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,

Cada laço estreito a perder,

O coração só e murcho e seco,

Mais que isto mal posso morrer.

Lord Byron



Lord Byron e suas trevas


Trevas

Eu tive um sonho que não era em todo um sonho

O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas

Vagueavam escuras pelo espaço eterno,

Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra

Girava cega e negrejante no ar sem lua;

Veio e foi-se a manhã - Veio e não trouxe o dia;

E os homens esqueceram as paixões, no horror

Dessa desolação; e os corações esfriaram

Numa prece egoísta que implorava luz:

E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,

Os palácios dos reis coroados, as cabanas,

As moradas, enfim, do gênero que fosse,

Em chamas davam luz; As cidades consumiam-se

E os homens juntavam-se junto às casas ígneas

Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;

Felizes enquanto residiam bem à vista

Dos vulcões e de sua tocha montanhosa;

Expectativa apavorada era a do mundo;

Queimavam-se as florestas - mas de hora em hora

Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos

Findavam num estrondo - e tudo era negror.

À luz desesperante a fronte dos humanos

Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos

Neles batiam os clarões; alguns, por terra,

Escondiam chorando os olhos; apoiavam

Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;

Muitos corriam para cá e para lá,

Alimentando a pira, e a vista levantavam

Com doida inquietação para o trevoso céu,

A mortalha de um mundo extinto; e então de novo

Com maldições olhavam para a poeira, e uivavam,

Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos

E cheias de terror voejavam junto ao solo,

Batendo asas inúteis; as mais rudes feras

Chagavam mansas e a tremer; rojavam víboras,

E entrelaçavam-se por entre a multidão,

Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.

E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,

E qualquer refeição comprava-se com sangue;

E cada um sentava-se isolado e torvo,

Empanturrando-se no escuro; o amor findara;

A terra era uma idéia só - e era a de morte

Imediata e inglória; e se cevava o mal

Da fome em todas as entranhas; e morriam

Os homens, insepultos sua carne e ossos;

Os magros pelos magros eram devorados,

Os cães salteavam seus donos, exceto um,

Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava

Em guarda as bestas e aves e famintos homens,

Até a fome os levar, ou os que caíam mortos

Atraírem seus dentes; ele não comia,

Mas com um gemido comovente e longo, e um grito

Rápido e desolado, e relambendo a mão

Que já não o agradava em paga - ele morreu.

Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,

Dois inimigos que vieram a encontrar-se

Junto às brasas agonizantes de um altar

Onde se haviam empilhado coisas santas

Para um uso profano; eles a resolveram

E trêmulos rasparam, com as mãos esqueléticas,

As débeis cinzas, e com um débil assoprar

E para viver um nada, ergueram uma chama

Que não passava de arremedo; então alçaram

Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram

O rosto um do outro - ao ver gritaram e morreram

- Morreram de sua própria e mútua hediondez,

- Sem um reconhecer o outro em cuja fronte

Grafara o nome "Diabo". O mundo se esvaziara,

O populoso e forte era uma informe massa,

Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,

Massa informe de morte - um caos de argila dura.

Pararam lagos, rios, oceanos: nada

Mexia em suas profundezas silenciosas;

Sem marujos, no mar as naus apodreciam,

Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,

Dormiam nos abismos sem fazer mareta,

mortas as ondas, e as marés na sepultura,

Que já findara sua lua senhoril.

Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens

Tiveram fim; a escuridão não precisava

De seu auxílio - as trevas eram o Universo.

Lord Byron

(Tradução de Castro Alves)